Exibida no Festival Varilux de Cinema Francês de 2016, a cinebiografia do palhaço Chocolate, por si só, já seria uma grande história de cinema. O primeiro artista de circo negro da França, retratada com suas lutas contra vícios e preconceitos, remando contra as dificuldades da vida, já teriam elementos suficientes para um grande drama. Com um intérprete como Omar Sy, um dos maiores atores franceses da atualidade, o filme ganha destaque de uma grande produção. Omar tem em Chocolate uma das melhores atuações de sua carreira, combinando um trabalho impecável em um filme de muita qualidade técnica. Contracenando com James Thierrée, Omar forma a dupla de famosos palhaços Chocolate e Foottit, que divertem, encantam e provocam questionamentos no público.
A questão da escravidão, amizades, romances e conflitos étnicos e sociais, dividem a cena com o mundo do circo e teatro francês de outrora. Momentos de riso, drama, romance e aventuras, contracenam com dramas e questionamentos sociais.
E é na pele de Otelo de Shakespeare, que Omar Sy leva seu personagem Chocolate ao mundo do teatro, atingindo o auge de sua atuação. Um conflito psicológico e social de uma sociedade dividida entre aplausos e preconceitos, entre o circo (do negro canibal) e o teatro (do grande Otelo negro).
Chocolate torna-se assim um filme dramático que merece ser visto e admirado, tanto por sua qualidade técnica, excelentes atuações de elenco e grandes momentos em cena, quanto pelo poder questionador da sociedade e seus preconceitos.
Por Ricardo Brandes