Título: Cadê você Bernadette?
Autora: Maria Semple
Editora Companhia das Letras
Páginas: 376
Ano: 2013
Confira a sinopse no site
do Skoob
Foi
em um dos vídeos da booktuber Tatiana
Feltrin que me interessei pela obra e foi em uma tarde fria de maio, como
presente de aniversário, que ganhei de meus amigos de trabalho o livro que
entraria para duas das minhas listas mais especiais: “os melhores da vida” e a “capa mais bonita da
estante”.
Maria
Semple escreve com leveza, com criatividade, com o coração. Para quem não
conhece, ela iniciou seus trabalhos na ficção no ano de 2008 e se isso não
ajudou em nada, antes de ir por esse caminho ficcional, a escritora de Seattle
escreveu para séries como Mad About You, Ellen e Arrested Development.
Na história, Bernadette tem uma filha que é
uma aluna exemplar. Como presente por todo o empenho e de acordo com o
prometido pelos pais, Bee, a aluna nota 10, pede uma viagem à Antártida.
Os
preparativos acontecem, mas por algum motivo, Bernadette some dias antes da tão
esperada viagem. Agora, Bee vai fazer de tudo para encontrar sua mãe e assim, o
leitor pode se envolver de uma maneira inevitável.
Bernadette
é única, é sincera, é antissocial. Quantos de nós já não tivemos a vontade de
chutar o balde e dar as costas ao vizinho fofoqueiro? A personagem faz isso e
muito mais como a maestria que se torna cativante.
Parando
para pensar, eu era bem mais social anos atrás, até exageradamente, eu acho.
Será que há um momento na vida que é aquele pelo qual todos vão passar e que
fará com que tomemos um dos dois caminhos: a socialização ou o antissocialismo?
Bernadette tenta explicar com suas atitudes.
Ali
no livro você encontra de tudo um pouco: a vizinha fofoqueira, a filha
inteligente, a filha revoltada, a mãe que protege o filho, o filho que engana a
mãe, o marido compreensivo, o marido decepcionado, a assistente apaixonada, a
casa dos sonhos, o cachorro companheiro etc.
São
tantas coisas cotidianas automáticas, que vistas pela óptica de diferentes
personagens, torna-se inovador e surpreendente.
Um
trecho pode ajudar a apresentar a diferente Bernadette:
Entre os milhões de motivos
pelos quais não quero ir à Antártida, o principal deles é que serei obrigada a
sair de casa. A essa altura você já deve ter percebido que isso não é algo que
eu goste muito de fazer [...] A única maneira de se chegar à Antártida é em um
navio de cruzeiro. Mesmo os de menor porte comportam 150 passageiros, o que
significa que eu vou ficar presa com outras 149 pessoas que provavelmente vão
me enlouquecer com sua grosseria, sua sujeira, suas perguntas idiotas, sua
tagarelice incessante, seus pedidos de comida bizarros, sua conversinha
entediante etc. Ou pior, eles podem voltar sua curiosidade para a minha
direção, esperando que eu corresponda graciosamente. Estou tendo um ataque de
pânico só de pensar nisso. Um pouco de ansiedade social nunca fez mal a
ninguém, né? (p. 14-15).
Talvez,
por isso, Cadê você Bernadette? possa
atingir você que se cansou do seu cotidiano, mas sempre gosta de conhecer o de
outrem. Não por maldade, não, isso não. Mas porque conhecer o outro também pode
nos mostrar o que queremos ser e se assim não for, ao menos, nos mostrar o que
NÃO queremos ser.